7 de dezembro de 2009

ESPIRITUALIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO


por Marcos Alencar


Você sabe o que é espiritualidade organizacional?
Antes de mais nada vamos esclarecer que espiritualidade não tem nada a ver com religião.
Segundo Dalai Lama, a espiritualidade está relacionada com as qualidades do espírito humano: amor e compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, contentamento, noção de responsabilidade, noção de harmonia, que trazem felicidade tanto para você quanto para os outros.
Para que essas qualidades sejam atendidas, é necessário compreendermos que somos compostos pela dimensão corporal, que se constitui da realidade física e material; dimensão intelectual, que se baseia na capacidade de raciocinar; dimensão emocional, que envolve os sentimentos, estados psicológicos e tendências para agir; e a dimensão espiritual, constituída da inteligência que se usa para lidar com problemas existenciais.
Porém, infelizmente, dentro de muitas organizações públicas e privadas, existe um grande nível de desarmonia, o que prejudica sobremaneira a qualidade de expressão das dimensões acima citadas. Diretores, colaboradores, clientes e fornecedores acabam pautando suas relações unicamente no pensamento materialista do “ter”, esquecendo “ser”, causando danos, muitas vezes irreparáveis, às pessoas.
A neurose pelo cumprimento de metas e resultados, na maioria das vezes orientada pelo “custe o que custar”, empobrece os relacionamentos humanos e liberta em nós o que temos de mais cruel: a ira.
A “guerra psicológica” que muitos departamentos empreendem, visando sobressaírem em detrimento de outros, longe de promover a “competitividade”, apenas reforçam a teoria do insulamento organizacional, onde “ilhas” são formadas.
Dentro dessa realidade corporativa, muitas organizações estão morrendo aos poucos. Pior que isso: as pessoas também. Muitas estão em consultórios médicos, psicológicos e psiquiátricos, tratando-se justamente das doenças nascidas no ambiente corporativo.
Nessa estrutura destituída de amor e espiritualidade, a sinergia da empresa deixa de existir, os diálogos são monossilábicos e a “solidão corporativa” vai afastando as pessoas uma das outras. O medo, a culpa, a inveja, a raiva, o melindre, o orgulho e tantos outros sentimentos negativos acabam adoecendo os profissionais, inclusive aqueles mais valorosos.
Mas existe luz no fim do túnel. Empresas desarmonizadas estão ficando pra trás e muitos clientes, sentindo a infelicidade na fisionomia dos funcionários e no próprio tratamento que recebem, estão adquirindo produtos e serviços daquelas que promovem a harmonia em seu ambiente empresarial. Além dos consumidores, os fornecedores mais conscientes, também focados no desenvolvimento dos valores espirituais em seus colaboradores, preferem manter relações comerciais com parceiros que possam se expressar com leveza, bondade, ética e justiça. Mais que isso: boa parte dos empregados dessas empresas está vencendo o medo e buscando outras organizações, onde eles possam ser felizes, mais que materialmente: felizes emocionalmente.
Essa tendência é irreversível e aos poucos avança sobre as velhas práticas materialistas. Com o tempo, darão lugar a uma corrente administrativa pautada no respeito ao indivíduo em suas dimensões corporal, intelectual, emocional e espiritual.
Assim, a somatória das energias positivas, a satisfação no trabalho, a alegria entre os administradores e seus colaboradores e afins, constituirão departamentos integrados, fortalecidos na prática do bem comum e agindo com sinceridade, perdão e amor. Com isso, um novo entusiasmo, que em grego significa “Deus em nós”, vai ampliar a participação das empresas no mercado, que continuará competitivo, porém, com ética e respeito aos valores humanos, que são muito maiores que os valores econômicos.

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