O que é pró-atividade?
Autor: Fran Christy
Superficialmente definida simplesmente como “iniciativa” por muitos autores, a pró-atividade é, na realidade, muito mais do que meramente antecipar-se aos acontecimentos e problemas e tomar a iniciativa.
Pró-atividade é, antes de tudo, assumir a responsabilidade pelas próprias atitudes e liderar a própria manifestação. Mas o que isso significa? Um dos primeiros autores a definir pró-atividade foi o psiquiatra judeu Viktor Frankl, sobrevivente dos campos de concentração da segunda guerra mundial. Enquanto a maioria dos prisioneiros acreditava que era a situação que ditava seu estado de espírito e seu destino, entregando-se à crueldade dos acontecimentos, Viktor, que passou por sua parcela de atrocidades vendo sua mulher grávida e boa parte de sua família morrer nas mãos dos nazistas, defendia que entre o estímulo e a resposta está sua liberdade de escolha. Como você se sente com relação ao que ocorre com você é escolha sua, não conseqüência obrigatória do que acontece com você.
Quando esse conceito é realmente compreendido e internalizado, a pessoa pára de se fazer de vítima das circunstâncias e passa a ser líder de si mesma, assumindo as rédeas da própria vida. Isso é a verdadeira pró-atividade.
Como ser pró-ativo quando tudo ocorre fora do seu controle?
Essa dúvida é gerada pela cultura da culpa na qual vivemos. A cultura da culpa dita que se algo não é culpa nossa, não temos responsabilidade de consertarmos o problema ou agirmos para a superação da questão.
Para uma pessoa pró-ativa, essa pergunta nem sequer chega a fazer sentido. Praticamente tudo o que ocorre em nossas vidas está fora do nosso controle, ou seja, “não é culpa nossa”. No entanto, essa falta de controle não afeta as escolhas que você faz, principalmente com relação aos seus próprios sentimentos e emoções.
Uma das maiores armadilhas da cultura da culpa é levar as pessoas a acreditar que são as coisas, os acontecimentos, as outras pessoas que são responsáveis por seu estado de espírito. “Foi o trânsito que me deixou irritado hoje”, “Não consigo me concentrar porque meu marido me deixou louca com suas reclamações hoje de manhã”, “Estou muito frustrado porque a internet está lenta e eu não consigo fazer meu trabalho direito”, “Esse governo corrupto me dá um desânimo enorme” e assim por diante. As pessoas se deixam afetar emocionalmente pelos acontecimentos e pelas atitudes dos outros e acham que é totalmente aceitável justificar-se dizendo que suas emoções negativas são culpa dos outros ou das circunstâncias que estão fora do seu controle.
A pessoa pró-ativa tem, de certa forma, sangue frio, ela não se deixa afetar emocionalmente pelas picuinhas tolas do dia-a-dia, muito menos permite que emoções negativas como frustração e raiva se formem como conseqüência das circunstâncias. Ela passa por cima de tudo isso e mantém sua mente focada em seus objetivos. O artigo anterior que definiu pró-atividade explicou que esse termo significa liberdade de escolha entre o estímulo e a resposta. Quem escolhe como vai se sentir diante dos acontecimentos somos nós mesmos e não há desculpas contra esse argumento. Entretanto, as pessoas comumente optam por deixar emoções negativas aflorarem mediante o mais insignificante estímulo. A impressora não imprime? A pessoa se enche de raiva, quer jogar o aparelho pela janela, diz que nunca mais vai comprar mais nada daquela marca e por aí vai. O colega de trabalho está de mau humor e diz alguma coisa meio atravessada? A pessoa já leva para o lado pessoal, achando que o colega não gosta dela e passa o dia inteiro pensando mal da pessoa e comentando com os outros o quão rude o colega foi com ela. O trânsito está congestionado e a pessoa chega atrasada a uma reunião? Ela passa o resto do dia de mau humor e frustrada.
O pior de toda essa história é que muita gente acha que tem toda a razão de se sentir assim, que suas reações emocionais são conseqüências obrigatórias em resposta aos estímulos. “Mas o fulano me disse isso, isso e aquilo, como é que você quer que eu me sinta?”, “Eu estou tentando imprimir esse documento faz duas horas e essa impressora não funciona, qualquer um ficaria irado na minha situação!”.
Essa sensação de obviedade para as respostas a cada estímulo é muito perigosa e pode comprometer seus esforços rumo a um desempenho excelente e uma produtividade mais eficaz. Para treinar a pró-atividade, você deve primeiro treinar o controle emocional em resposta aos estímulos comuns do dia-a-dia e internalizar a noção de que ficar bravo, frustrado, decepcionado ou desanimado não é uma resposta óbvia a certos estímulos. Só depois podemos entrar em detalhes mais complexos da pró-atividade como liderança pessoal, superação de traumas, dificuldades íntimas e obstáculos.
Pró-atividade X Ataques emocionais
A famosa frase de Eleanor Roosevelt explica pontualmente a pró-atividade: “Ninguém pode feri-lo sem seu consentimento.”
Como vimos no artigo anterior (Como ser pró-ativo quando tudo ocorre fora do seu controle), a cultura da culpa causa uma miopia de interpretação no que diz respeito às respostas que damos aos estímulos em nossas vidas. Muita gente acha que é óbvio ficar bravo quando é atacado verbalmente, ficar desanimado quando a economia está fraca, ficar triste quando algo não dá certo e assim por diante. Nossa sociedade estabeleceu respostas padrões para certos estímulos e nos acostumamos a achar normal responder de formas pré-determinadas.
Essas respostas, contudo, são exacerbações emocionais negativas e não acrescentam nada a nossas vidas. Ninguém precisa ficar frustrado, desanimado, com raiva, triste ou deprimido – ou mesmo no outro lado do espectro, a exacerbação positiva também não é útil (como alegria ou excitação demais que fazem com que a pessoa fique ansiosa e inquieta, além de reduzir sua atenção e nível de discernimento). Equilíbrio emocional é uma das chaves de um comportamento excelente e uma vida mais produtiva e esse equilíbrio deve vir da idéia de que você, não as circunstâncias, controla suas reações emocionais.
O fato é que não importa o que os outros fazem com você, o que eles dizem ou o que acontece em sua vida. A sua resposta – e principalmente a forma como você vai se sentir com relação ao ocorrido – é escolha sua. Como disse Eleanor Roosevelt, ninguém pode feri-lo sem seu consentimento. Quem escolhe aceitar o estímulo negativo alheio somos nós mesmos.
Isso, no entanto, não é novidade, não é mesmo?! Você já ouviu esse argumento antes, na verdade não há ninguém que não tenha escutado ou lido que nós devemos ter controle sobre nossas emoções e que nós é que damos permissão ao outro para nos machucar emocionalmente ou não. Mesmo assim, olhamos em volta e o que mais vemos são pessoas reagindo aos estímulos impulsivamente. O que acontece? Por que as pessoas não conseguem ter controle emocional e fechar a porta para emoções negativas que não são bem vindas?
A resposta está no âmago da sua identidade, em seu ego! “O orgulho é a pior coisa do ser humano”, costumava dizer um velho professor meu. As pessoas reagem negativamente aos estímulos, pois acham que estão em seu direito absoluto de fazer o mundo ajoelhar aos seus pés. Os outros não têm direito de rejeitá-las, eles têm que aceitá-las como elas são (mas o contrário não é verdadeiro!).
- O cara me cortou no trânsito! Ele não tem direito de fazer isso! Quem ele pensa que é?!
- Minha namorada me deixou! Será que ela não percebe que eu sou um bom partido?! Acho que no fundo é ela que não me merece!
- Odeio meu chefe, ele nunca percebe meu talento!
- Ninguém no meu trabalho me dá valor, eles não percebem é que eles todos é que são uns babacas!
Ego ferido é uma droga! O ego ferido se comporta como uma criança mimada, não raciocina, não é capaz de analisar os fatos, só choraminga e acha que o mundo tem obrigação de valorizá-lo e fazê-lo feliz.
É por causa do orgulho que as pessoas se acham no direito de responder negativamente aos estímulos, como se as outras pessoas não tivessem o direito de ser elas mesmas e fazer o que bem entendem.
Na visão distorcida do ego, nós somos perfeitos e os outros têm obrigação de reconhecer isso, se eles não reconhecem, é porque há algum problema com eles. Esse raciocínio é clássico em casos de rejeição, tanto afetiva quanto profissional. A pessoa se volta contra o outro, pois ela é perfeita, é o outro que não consegue perceber isso, então o outro não deve ser levado a sério, como no caso da pessoa que odeia o chefe porque ele nunca reconhece o talento dela, ou da pessoa rejeitada por um parceiro afetivo que acha que é o outro que não percebe quão boa ela é e, portanto, não a merece mesmo.
Por outro lado, a pessoa se acha no direito de rejeitar quem ela bem entender e pensar mal de quem quer que seja, pois ela tem suas preferências e opiniões. Ou seja, o ego é uma via de uma mão só, a pessoa acha que tem todos os direitos, mas os outros não têm direito algum, só obrigações para com ela. Agora, não pense que esse é um caso isolado, que a pessoa egocêntrica é só aquela que faz questão de mostrar ao mundo sua arrogância e prepotência. Não! Todo mundo é orgulhoso, ninguém escapa! Quer fazer um teste? Lembre-se dos momentos em que pessoas do seu convívio lhe disseram algumas verdades e você reagiu mal, mesmo que em silêncio, longe dos olhos dos outros. Você não acreditou no que a pessoa disse e ainda ficou com raiva dela, pois “Como essa pessoa tem a petulância de me dizer essas coisas?” “Como pode ela pensar isso de mim?”. Essa reação orgulhosa está entre as mais comuns, mas force sua memória um pouco mais e lembre-se de momentos em que sentiu frustração, raiva, ódio, inveja, inquietação, autopiedade (pena de si mesmo) ou despeito. Todas essas emoções são manifestações do ego, não tem jeito, não tem desculpa, não tem como argumentar que você tinha razão, pois o fato de você achar que tem razão é justamente o ego falando!
Esse é o motivo, portanto, pelo qual as pessoas não conseguem ter controle emocional. Para a maioria das pessoas, é mais importante fazer valer os direitos do próprio ego do que a pacificação íntima, principalmente em uma sociedade tão patológica que valoriza a raiva e as explosões emocionais como prova de virilidade e “personalidade”. A escolha de trilhar outro caminho é unicamente sua e para isso você deve compreender os benefícios da pró-atividade e silenciar o próprio ego. Ninguém consegue eliminar o ego, é verdade, mas baixar a bola e adotar uma postura mais aberta e menos reativa é totalmente possível, você só precisa descer do pedestal.
Fran Christy é formada em administração de empresas com especialização em planejamento estratégico. Fran vive em Seattle, EUA, é fundadora do Excellence Studio e escreve sobre desenvolvimento pessoal, produtividade e estratégias de vida.
Autor: Fran Christy
Superficialmente definida simplesmente como “iniciativa” por muitos autores, a pró-atividade é, na realidade, muito mais do que meramente antecipar-se aos acontecimentos e problemas e tomar a iniciativa.
Pró-atividade é, antes de tudo, assumir a responsabilidade pelas próprias atitudes e liderar a própria manifestação. Mas o que isso significa? Um dos primeiros autores a definir pró-atividade foi o psiquiatra judeu Viktor Frankl, sobrevivente dos campos de concentração da segunda guerra mundial. Enquanto a maioria dos prisioneiros acreditava que era a situação que ditava seu estado de espírito e seu destino, entregando-se à crueldade dos acontecimentos, Viktor, que passou por sua parcela de atrocidades vendo sua mulher grávida e boa parte de sua família morrer nas mãos dos nazistas, defendia que entre o estímulo e a resposta está sua liberdade de escolha. Como você se sente com relação ao que ocorre com você é escolha sua, não conseqüência obrigatória do que acontece com você.
Quando esse conceito é realmente compreendido e internalizado, a pessoa pára de se fazer de vítima das circunstâncias e passa a ser líder de si mesma, assumindo as rédeas da própria vida. Isso é a verdadeira pró-atividade.
Como ser pró-ativo quando tudo ocorre fora do seu controle?
Essa dúvida é gerada pela cultura da culpa na qual vivemos. A cultura da culpa dita que se algo não é culpa nossa, não temos responsabilidade de consertarmos o problema ou agirmos para a superação da questão.
Para uma pessoa pró-ativa, essa pergunta nem sequer chega a fazer sentido. Praticamente tudo o que ocorre em nossas vidas está fora do nosso controle, ou seja, “não é culpa nossa”. No entanto, essa falta de controle não afeta as escolhas que você faz, principalmente com relação aos seus próprios sentimentos e emoções.
Uma das maiores armadilhas da cultura da culpa é levar as pessoas a acreditar que são as coisas, os acontecimentos, as outras pessoas que são responsáveis por seu estado de espírito. “Foi o trânsito que me deixou irritado hoje”, “Não consigo me concentrar porque meu marido me deixou louca com suas reclamações hoje de manhã”, “Estou muito frustrado porque a internet está lenta e eu não consigo fazer meu trabalho direito”, “Esse governo corrupto me dá um desânimo enorme” e assim por diante. As pessoas se deixam afetar emocionalmente pelos acontecimentos e pelas atitudes dos outros e acham que é totalmente aceitável justificar-se dizendo que suas emoções negativas são culpa dos outros ou das circunstâncias que estão fora do seu controle.
A pessoa pró-ativa tem, de certa forma, sangue frio, ela não se deixa afetar emocionalmente pelas picuinhas tolas do dia-a-dia, muito menos permite que emoções negativas como frustração e raiva se formem como conseqüência das circunstâncias. Ela passa por cima de tudo isso e mantém sua mente focada em seus objetivos. O artigo anterior que definiu pró-atividade explicou que esse termo significa liberdade de escolha entre o estímulo e a resposta. Quem escolhe como vai se sentir diante dos acontecimentos somos nós mesmos e não há desculpas contra esse argumento. Entretanto, as pessoas comumente optam por deixar emoções negativas aflorarem mediante o mais insignificante estímulo. A impressora não imprime? A pessoa se enche de raiva, quer jogar o aparelho pela janela, diz que nunca mais vai comprar mais nada daquela marca e por aí vai. O colega de trabalho está de mau humor e diz alguma coisa meio atravessada? A pessoa já leva para o lado pessoal, achando que o colega não gosta dela e passa o dia inteiro pensando mal da pessoa e comentando com os outros o quão rude o colega foi com ela. O trânsito está congestionado e a pessoa chega atrasada a uma reunião? Ela passa o resto do dia de mau humor e frustrada.
O pior de toda essa história é que muita gente acha que tem toda a razão de se sentir assim, que suas reações emocionais são conseqüências obrigatórias em resposta aos estímulos. “Mas o fulano me disse isso, isso e aquilo, como é que você quer que eu me sinta?”, “Eu estou tentando imprimir esse documento faz duas horas e essa impressora não funciona, qualquer um ficaria irado na minha situação!”.
Essa sensação de obviedade para as respostas a cada estímulo é muito perigosa e pode comprometer seus esforços rumo a um desempenho excelente e uma produtividade mais eficaz. Para treinar a pró-atividade, você deve primeiro treinar o controle emocional em resposta aos estímulos comuns do dia-a-dia e internalizar a noção de que ficar bravo, frustrado, decepcionado ou desanimado não é uma resposta óbvia a certos estímulos. Só depois podemos entrar em detalhes mais complexos da pró-atividade como liderança pessoal, superação de traumas, dificuldades íntimas e obstáculos.
Pró-atividade X Ataques emocionais
A famosa frase de Eleanor Roosevelt explica pontualmente a pró-atividade: “Ninguém pode feri-lo sem seu consentimento.”
Como vimos no artigo anterior (Como ser pró-ativo quando tudo ocorre fora do seu controle), a cultura da culpa causa uma miopia de interpretação no que diz respeito às respostas que damos aos estímulos em nossas vidas. Muita gente acha que é óbvio ficar bravo quando é atacado verbalmente, ficar desanimado quando a economia está fraca, ficar triste quando algo não dá certo e assim por diante. Nossa sociedade estabeleceu respostas padrões para certos estímulos e nos acostumamos a achar normal responder de formas pré-determinadas.
Essas respostas, contudo, são exacerbações emocionais negativas e não acrescentam nada a nossas vidas. Ninguém precisa ficar frustrado, desanimado, com raiva, triste ou deprimido – ou mesmo no outro lado do espectro, a exacerbação positiva também não é útil (como alegria ou excitação demais que fazem com que a pessoa fique ansiosa e inquieta, além de reduzir sua atenção e nível de discernimento). Equilíbrio emocional é uma das chaves de um comportamento excelente e uma vida mais produtiva e esse equilíbrio deve vir da idéia de que você, não as circunstâncias, controla suas reações emocionais.
O fato é que não importa o que os outros fazem com você, o que eles dizem ou o que acontece em sua vida. A sua resposta – e principalmente a forma como você vai se sentir com relação ao ocorrido – é escolha sua. Como disse Eleanor Roosevelt, ninguém pode feri-lo sem seu consentimento. Quem escolhe aceitar o estímulo negativo alheio somos nós mesmos.
Isso, no entanto, não é novidade, não é mesmo?! Você já ouviu esse argumento antes, na verdade não há ninguém que não tenha escutado ou lido que nós devemos ter controle sobre nossas emoções e que nós é que damos permissão ao outro para nos machucar emocionalmente ou não. Mesmo assim, olhamos em volta e o que mais vemos são pessoas reagindo aos estímulos impulsivamente. O que acontece? Por que as pessoas não conseguem ter controle emocional e fechar a porta para emoções negativas que não são bem vindas?
A resposta está no âmago da sua identidade, em seu ego! “O orgulho é a pior coisa do ser humano”, costumava dizer um velho professor meu. As pessoas reagem negativamente aos estímulos, pois acham que estão em seu direito absoluto de fazer o mundo ajoelhar aos seus pés. Os outros não têm direito de rejeitá-las, eles têm que aceitá-las como elas são (mas o contrário não é verdadeiro!).
- O cara me cortou no trânsito! Ele não tem direito de fazer isso! Quem ele pensa que é?!
- Minha namorada me deixou! Será que ela não percebe que eu sou um bom partido?! Acho que no fundo é ela que não me merece!
- Odeio meu chefe, ele nunca percebe meu talento!
- Ninguém no meu trabalho me dá valor, eles não percebem é que eles todos é que são uns babacas!
Ego ferido é uma droga! O ego ferido se comporta como uma criança mimada, não raciocina, não é capaz de analisar os fatos, só choraminga e acha que o mundo tem obrigação de valorizá-lo e fazê-lo feliz.
É por causa do orgulho que as pessoas se acham no direito de responder negativamente aos estímulos, como se as outras pessoas não tivessem o direito de ser elas mesmas e fazer o que bem entendem.
Na visão distorcida do ego, nós somos perfeitos e os outros têm obrigação de reconhecer isso, se eles não reconhecem, é porque há algum problema com eles. Esse raciocínio é clássico em casos de rejeição, tanto afetiva quanto profissional. A pessoa se volta contra o outro, pois ela é perfeita, é o outro que não consegue perceber isso, então o outro não deve ser levado a sério, como no caso da pessoa que odeia o chefe porque ele nunca reconhece o talento dela, ou da pessoa rejeitada por um parceiro afetivo que acha que é o outro que não percebe quão boa ela é e, portanto, não a merece mesmo.
Por outro lado, a pessoa se acha no direito de rejeitar quem ela bem entender e pensar mal de quem quer que seja, pois ela tem suas preferências e opiniões. Ou seja, o ego é uma via de uma mão só, a pessoa acha que tem todos os direitos, mas os outros não têm direito algum, só obrigações para com ela. Agora, não pense que esse é um caso isolado, que a pessoa egocêntrica é só aquela que faz questão de mostrar ao mundo sua arrogância e prepotência. Não! Todo mundo é orgulhoso, ninguém escapa! Quer fazer um teste? Lembre-se dos momentos em que pessoas do seu convívio lhe disseram algumas verdades e você reagiu mal, mesmo que em silêncio, longe dos olhos dos outros. Você não acreditou no que a pessoa disse e ainda ficou com raiva dela, pois “Como essa pessoa tem a petulância de me dizer essas coisas?” “Como pode ela pensar isso de mim?”. Essa reação orgulhosa está entre as mais comuns, mas force sua memória um pouco mais e lembre-se de momentos em que sentiu frustração, raiva, ódio, inveja, inquietação, autopiedade (pena de si mesmo) ou despeito. Todas essas emoções são manifestações do ego, não tem jeito, não tem desculpa, não tem como argumentar que você tinha razão, pois o fato de você achar que tem razão é justamente o ego falando!
Esse é o motivo, portanto, pelo qual as pessoas não conseguem ter controle emocional. Para a maioria das pessoas, é mais importante fazer valer os direitos do próprio ego do que a pacificação íntima, principalmente em uma sociedade tão patológica que valoriza a raiva e as explosões emocionais como prova de virilidade e “personalidade”. A escolha de trilhar outro caminho é unicamente sua e para isso você deve compreender os benefícios da pró-atividade e silenciar o próprio ego. Ninguém consegue eliminar o ego, é verdade, mas baixar a bola e adotar uma postura mais aberta e menos reativa é totalmente possível, você só precisa descer do pedestal.
Fran Christy é formada em administração de empresas com especialização em planejamento estratégico. Fran vive em Seattle, EUA, é fundadora do Excellence Studio e escreve sobre desenvolvimento pessoal, produtividade e estratégias de vida.
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