A figura da autoridade é realmente importante para dar diretrizes na formação da personalidade da criança. Contudo, na vida profissional uma autoridade é menos ou mais necessária, dependendo do contexto e da maturidade que o empregado adquiriu na sua função. Tanto é assim que alguns colaboradores da empresa se tornam bastante autônomos, sem deixar de dar ótimos resultados. Porém, a nossa sociedade compartilha da crença de que as pessoas precisam do amparo, aceitação, reconhecimento e aprovação de algumas outras, como se fossem frágeis por natureza. Isto resulta na manutenção da imaturidade emocional de muitos profissionais, que, inseguros, continuam o processo infantil de dependência emocional, especialmente em relação ao chefe direto. E por que isto é um problema? Porque dando tanta importância à percepção e opinião do líder, este subordinado tende a colocar parte do seu poder de escolha e ação nas mãos daquele. Um segundo motivo é que, assim como a criança se fixa na mãe, o colaborador tende a se fixar no chefe, como se este fosse o responsável pela sua sobrevivência profissional. Por outro lado, observando-se a dinâmica de um chefe muito autoritário, o que talvez seja mais difícil de notar, até mesmo pela posição que ocupa, é que ele também é emocionalmente infantil.
Geralmente, ele assume defensivamente um papel de prepotente, visando justamente esconder esta fragilidade ou dependência. No entanto, uma análise mais acurada mostra que ele também vive a crença de precisar “daquele subordinado” para se sentir forte e, aos olhos dos outros, importante. Unindo-se os contextos psicológicos de ambos, que sofrem de co-dependência, temos o alicerce para a construção do assédio moral, um relacionamento permeado por humilhações repetitivas, por tempo prolongado. Mas, o respeito parece um argumento tão irrefutável! Por que o assediado não enfrenta seu chefe? Por causa do seu distúrbio, isto é, da crença de que precisa daquele chefe para se realizar na carreira e do seu medo de perder o emprego ou algo mais. Isto também faz com que ele ceda às vontades, jogos ou imposições do chefe. Além disto, quanto mais severa a dependência, pior será a auto-estima, o sentimento de inferioridade, de não merecimento, baixa autoconfiança, pouco autoconhecimento e incompetência para administrar as próprias emoções. Assim, colocando-se como dependente na relação, o assediado abre uma brecha perigosa para o abuso de poder por parte do outro. O processo de dominação é lento e crescente. Inicialmente, pela sua própria fragilidade, o colaborador atribui a si a culpa pelas humilhações ou maus-tratos do chefe. Quando “acorda” e tenta escapar das garras daquele, está ainda mais frágil e não sente forças para tanto, o que agrava o assédio. O número de assediados é maior entre as mulheres porque elas aprendem a dar mais importância às relações desde criança e têm mais tendência a colocar o chefe no lugar da autoridade provedora das suas necessidades, ou seja, elas depositam nele as funções de um pai (ou mãe), o que demonstra a imaturidade. (...) O roteiro para sair desta relação doentia é a pessoa aprender a tirar o chefe do centro do problema e a observar mais o seu próprio comportamento. Ela iniciará um caminho de autodescoberta e retomará o seu poder para se cuidar, assegurar-se em si mesma e achar seus próprios rumos para tornar-se profissionalmente realizada. Assim, tornando-se emocionalmente independente e adulta ela não mais precisará do amparo e aprovação de um chefe e sim quererá usufruir destes aspectos do bom relacionamento líder-liderado porque, na medida adequada, são muito bons e saudáveis.
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