É interessante a visão desse 'banqueiro' indiano sobre a erradicação da pobreza.
É como eu já tinha ouvido: a utopia nos faz sair do lugar e mesmo que não consigamos o desejado, ao menos, conseguiremos algo a mais do quer não ter sonhado.
Mesmo que a erradicação da pobreza seja utópica, ações como a desse 'banqueiro' servem para que seja feito algo a respeito e o mundo seja um lugar melhor de se viver.
Mas lembre-se de que utopia sem ação... no mínimo, é filosofia política partidária: não serve prá nada.
Para saber mais sobre ele, você pode acessar: http://expiracaoeinspiracao.blogspot.com/2009/02/reflexoes-de-um-visionario.html
É como eu já tinha ouvido: a utopia nos faz sair do lugar e mesmo que não consigamos o desejado, ao menos, conseguiremos algo a mais do quer não ter sonhado.
Mesmo que a erradicação da pobreza seja utópica, ações como a desse 'banqueiro' servem para que seja feito algo a respeito e o mundo seja um lugar melhor de se viver.
Mas lembre-se de que utopia sem ação... no mínimo, é filosofia política partidária: não serve prá nada.
Para saber mais sobre ele, você pode acessar: http://expiracaoeinspiracao.blogspot.com/2009/02/reflexoes-de-um-visionario.html
DINHEIRO - O sr. é contra a política de dar esmolas aos pobres?
YUNUS - Os pobres precisam de doações, não de esmolas. Minha posição é que doações devem constituir um crédito temporário, e não serem feitas permanentemente, de modo que as pessoas se tornem acostumadas a elas e não façam nenhum trabalho. Deve haver um limite de tempo para que cada pessoa receba uma doação. Esta doação deve ir diminuindo com o passar do tempo, até que, ao final daquele tempo-limite, a pessoa seja capaz de cuidar de si mesma com os seus próprios esforços. Deveríamos, ao longo de um determinado período, criar um ambiente em que essas pessoas possam usar o seu próprio talento e a sua criatividade para que se tornem independentes da caridade.
DINHEIRO - Os bancos no Brasil obtêm lucros, em parte, graças aos empréstimos a taxas de juros elevadas. São empréstimos para pagamento a longo prazo, com os quais as pessoas estão comprando tevês, carros, entre outros itens. Como o sr. vê isso?
YUNUS - Não gosto disso. Sempre me opus a essa postura. Estes são empréstimos para consumo. Eles estão fazendo as pessoas consumirem mais, em vez de estimulá-las a ganhar mais, usando a sua própria capacidade. Os empréstimos convencionais visam ao lucro para as instituições que emprestam. As instituições não estão preocupadas com os pobres, por isso, as taxas são tão altas. A pessoa fica tão envolvida que não se importa de pagar seja o que for para conseguir o carro, a geladeira ou outro item qualquer.
DINHEIRO - Criou-se uma necessidade irreal?
YUNUS - Sim, criou-se essa necessidade. Isso se chama superconsumo. Elas compram mais do que precisam. Não é apenas prejudicial a elas mesmas, mas prejudicial para o país. Também é danoso para todo o planeta, pois, com o tempo, essa atitude supera o patamar convencional de desperdício. Os recursos do planeta estão sendo desperdiçados.
DINHEIRO - Se está provado que o microcrédito funciona melhor, por que então os governos trilham outro caminho?
YUNUS - Eu também não entendo. Estou amplamente convencido de que o microcrédito é um bom meio de levar os serviços financeiros até as pessoas pobres. É preciso criar um ambiente favorável à sua criação, a fim de que os bancos de microcrédito possam emprestar dinheiro às pessoas pobres. Esses bancos devem ser projetados como um negócio social, não para gerar lucro, mas para ajudar as pessoas a saírem da pobreza. Não devem tornar-se uma nova classe de agiotas, que venha a usar os pobres para enriquecer. Isso terá que ser feito de acordo com a lei. A formulação legal deve fazer com esses bancos entendam que o microcrédito é um negócio social.
DINHEIRO - O sr. estava muito empolgado com um projeto para melhorar a vida das pessoas pobres, utilizando a internet. Como anda essa iniciativa?
YUNUS - Estou muito motivado com esse projeto. Acredito que uma pequena parte do potencial da internet tem sido usada em benefício dos pobres. O que estamos tentando agora é apenas uma pequena ponta de um grande iceberg. Há infinitas possibilidades de colocar a tecnologia da informação a serviço dos pobres. Dessa forma, eles podem ser capacitados, podem encontrar sua fortuna, construir uma vida melhor para si e mudar a vida de seus filhos. Portanto, estou estimulando todas as empresas de tecnologia da informação a ficar atentas a isso. Recentemente criei uma joint venture¹ com a Intel.
DINHEIRO - E do que se trata esse acordo? É para a criação de softwares ou hardwares mais baratos?
YUNUS - Estamos tentando fazer ambos, software e hardware. Projetaremos chips e dispositivos para serem usados somente pelas pessoas pobres, com foco em suas necessidades. Portanto, esse é o tipo de expectativa que temos: envolver instituições para pesquisas, instituições acadêmicas, especialistas em tecnologia da informação, que possam usar seus conhecimentos para tratar dessa questão.
DINHEIRO - Já estão sendo criados vários produtos de baixo preço nesse sentido. Seria mais um?
YUNUS - Temos inúmeros chips e produtos, mas são para o uso de pessoas privilegiadas. Não há softwares para ajudar os pobres a resolverem seus problemas básicos. Não temos chips para ensiná-los a gerar a sua própria renda ou tomar conta do seu dinheiro e da sua saúde, por exemplo. É nisso que estamos pensando: num pacote com produtos e programas que sejam focados nessa necessidade. Mas isso ainda está em evolução.
¹ Joint venture ou empreendimento conjunto é uma associação de empresas, que pode ser definitiva ou não, com fins lucrativos, para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica.
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