20 de maio de 2009

GESTÃO DA COMPETÊNCIA - 14ª AULA - O EXERCÍCIO DO PODER


por Dulce Magalhães
Por que será que o Poder (assim mesmo, com P maiúsculo) é tão desejado? A gente vê encarniçadas disputas políticas, por exemplo, para a conquista de altos cargos, que deixam seu ocupante, em poucos meses, de cabelos brancos e ar envelhecido.Se é tão "sofrido" exercer o Poder, por que as pessoas brigam tanto por ele? Em toda parte da sociedade, na família, na escola, na empresa, na associação, na política, etc., o tempo todo as pessoas estão em disputa pelo dúbio privilégio de assumir o Poder.Para compreendermos esse instinto humano, temos que entender o princípio da liberdade. Apesar do ônus da responsabilidade, de assumir posições difíceis, de maior dispêndio de tempo e energia, o Poder oferece o bônus da liberdade de decidir. O indivíduo mais livre é aquele que detém o maior grau de autoridade (de fato) e responsabilidade (concreta), pois a liberdade está na condição de poder fazer escolhas e colocá-las em prática. Só quem tem Poder é capaz de exercer esse papel no mundo, mesmo que esse "ter" seja sempre temporário.É por isso que o Poder exerce tal nível de atração, pois nos dá condições de decidirmos sobre nossa vida. E num maior grau, com o exercício do Poder, estamos decidindo sobre a vida de outras pessoas. Para muita gente isso é uma experiência inebriante. Afinal é o Poder que escreve os rumos do mundo. Toda a História Humana é contada pelo ângulo daqueles que detém o Poder e escrita pelos que o exercem. Em todas as esferas de nossa existência é o uso do Poder que estabelece a Qualidade e o nível de Liberdade que podemos desfrutar na vida. Alguns filósofos já se debruçaram sobre o tema Poder, entretanto poucos foram tão contundentes e perspicazes ao defini-lo do que Maquiavel. Até hoje seu livro "O Príncipe" segue sendo um verdadeiro tratado sobre o uso e o abuso do Poder. Contudo, foi no Século XX o período de maior produção intelectual, e questões tão palpitantes quanto o Poder não poderiam passar em branco. A seguir apresento uma versão pessoal das principais idéias a respeito de Poder, para nossa reflexão:
O Verdadeiro Poder
Segundo Maquiavel, o verdadeiro Poder é aquele em que "o Poder de sua ausência equivale ao Poder de sua presença". E esse é um estado difícil de ser alcançado. Ser admirado, respeitado, obedecido, seguido, temido ou defendido, mesmo estando ausente, é algo que demanda uma enorme capacidade de influenciar pessoas, pouco exercitada atualmente.
Poder Pessoal
Todos somos capazes de exercer o Poder num nível pessoal, mesmo que nem todos usufruam desse privilégio. Na verdade, ser "poderoso" nada mais é do que estabelecer propósitos e implementar idéias, mesmo tendo de enfrentar oposição, desânimo ou fracasso. O Poder, portanto, não é oferecido por outra pessoa, mas conquistado a partir da auto superação. O medo, o cansaço, o rancor e a inveja são sentimentos que inibem a ação do Poder em nossas vidas. Só com a superação destes, somos capazes de exercer, de maneira plena, nosso Poder Pessoal.
Poder do Medíocre
A mediocridade, junto com a covardia, são os ingredientes básicos da amargura e da falência moral e pessoal. E nada entrava mais o progresso humano do que o Poder exercido pelo medíocre. O Poder do medíocre não é vasto, nem muda o curso da História, muito menos faz o mundo girar, ao contrário, atrapalha bastante àqueles desejosos de dar um ritmo mais acelerado na busca de resultados. O medíocre poucas vezes na vida tem a chance de exercer um Poder real. Assim qualquer oportunidade de usurpar o Poder, mesmo que limitado e mesquinho, é usado de forma até cruel. Aquele que está abaixo do mediano, ao ganhar a chance de controlar uma "porta", faz uso dessa oportunidade até as últimas conseqüências. Ele não pode impedir ninguém de "passar", mas vai criar todos os obstáculos possíveis para sentir, por efêmera que seja, a satisfação de exercer Poder sobre alguém mais.
Poder da Abstração
Ser capaz de não se afetar com a opinião alheia, nem reagir às pressões da sociedade, é uma forma elevada de Poder. Mesmo que soe um tanto estranho a idéia de que o Poder não pode se importar com a mentalidade corrente, essa é a chave para o exercício pleno do Poder. Gandhi foi mais poderoso com sua política de não-violência do que o onipotente Império Britânico. Sua força estava na capacidade de abstrair-se da realidade vigente, libertando-se do modo de pensar e de reagir de seus contemporâneos e impondo suas próprias idéias e princípios. Isso é Poder.
VOCÊ EXERCE SEU PODER?
Você assume responsabilidades, enfrentando erros e acertos com o mesmo espírito? Você é capaz de influenciar a ação das pessoas de acordo com princípios seus? Em momentos de pressão, você assume a liderança e toma iniciativas de solução? Você é capaz de convencer pessoas a investirem esforços em suas idéias? Você consegue amealhar recursos e pessoas para o cumprimento de objetivos?
O QUE FAZEMOS
Entendemos o Poder como um exercício de manipulação e nos rebelamos contra seu uso
Limitamos nossa visão de Poder ao poder político ou da mídia
Somos pouco treinados no exercício do Poder, desta forma não sabemos usar o espaço de Poder ao nosso alcance
O QUE DEVEMOS FAZER
Compreender que o Poder é um instrumento a serviço de nossa consciência
Exercitar nosso Poder Pessoal e influenciar positivamente o mundo
Temos que exercer o Poder em todos os ambientes, na escola, na família, na empresa, de modo a aumentarmos nossa sabedoria e consciência
COMO FAZER
O Poder não tem princípios, ele se reveste dos valores de quem o exerce. Assim se queremos estabelecer justiça, solidariedade e igualdade, é nosso dever exercitar o Poder para imprimirmos valores elevados e influenciarmos pessoas de maneira positiva. Alguns dos filósofos e teólogos dos Séculos XIX e XX, ao trabalharem a questão do Poder, desenvolveram reflexões sobre o Bem e o Mal. Uma das principais idéias a respeito é a afirmação de Theilhard de Chardin, de que o Mal triunfa porque o Bem se omite de exercer o Poder.
ANEDOTAS DO PODER
Randolph Hearst, o mais poderoso homem da mídia americana, em uma de suas inúmeras disputas jurídicas, recebeu um telegrama de um de seus advogados, que inesperadamente havia ganho uma causa difícil, com a seguinte mensagem: "Justiça triunfou." Hearst imediatamente enviou resposta: "Recorra imediatamente."
O mesmo Hearst recebeu outra mensagem de um de seus correspondentes na Europa com a seguinte informação: "Não vai haver Guerra." Ele telegrafou de volta: "você fornece as imagens que eu fornecerei a Guerra." Em pouco tempo se desencadeou a Guerra Hispano-Americana.

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