20 de fevereiro de 2009

My Barack Obama.


My Barack Obama

Barack Hussein Obama já fez história. É o primeiro negro candidato à presidência dos EUA, a maior potência mundial, por um dos partidos majoritários.

Mas, um ano atrás, você saberia quem é Barack Hussein Obama?

Provavelmente não. E o mais surpreendente é que a maioria dos americanos também teriam a mesma resposta. Pouco gente conhecia Barack Obama.

Então, como o obscuro senador de Illinois tornou-se este fenômeno. Como ele conseguiu derrotar o establishment democrata e vencer Hillary Clinton? Como ele conseguiu ser o favorito a se tornar o quadragésimo terceiro presidente na história dos Estados Unidos da América?

Semana passada, assisti pela segunda vez uma palestra do Oswaldo Gouvêa, um dos sócios do Peabirus, rede social ligada ao Grupo Estadão. O Oswaldo, além de ser um orador de primeiríssima, consegue dar vários insights sobre as perspectivas tecnológicas e principalmente da web 2.0 durante sua palestra. Um dos exemplos que o Oswaldo usa para ilustrar suas idéias é o site do Barack Obama. “É uma revolução. Nunca mais as eleições em qualquer canto do mundo serão as mesmas”. A palestra do Oswaldo atiçou minha curiosidade.

Depois me deparei com uma reportagem da Technology Review (publicação sobre tecnologia do MIT - Massachusetts Institute of Technology). O título da reportagem “How Obama Really Did It”, que numa livre tradução seria “Como Obama Realmente Conseguiu”.

Bem, o que Barack Obama fez de diferente foi fundamentalmente utilizar as ferramentas de web 2.0 como ninguém utilizou antes e com resultados surpreendentes. Obama botou a web no centro de sua estratégia de campanha, contratou profissionais gabaritados e montou uma rede social de qualidade, extremamente inteligente e inovadora.

Parte da equipe que está capineando este projeto tentou fazer o mesmo pelo pré-candidato democrata Howard Dean em 2004, mas sem sucesso. Qual seria a diferença entre Dean 2004 e Obama 2008? Nos últimos 4 anos a internet sofreu uma revolução. O surgimento de sites como Facebook, Myspace, Orkut e Youtube mudaram radicalmente o modo como as pessoas se relacionam com a web. Em 2004, blog era novidade, em 2008 é realidade. Em 2004, rede social era o futuro, em 2008 é presente. O cidadão e o eleitor já estão educados na nova web, não precisam ser tutoriados.

Obama criou em seu site uma rede social, chamada “My Barack Obama“, ou “MyBO“, para os íntimos.




Uma vez cadastrado da rede, o cidadão se transforma de eleitor para apoiador, participando ativamente da campanha. E o site dá ferramentas e instruções de como apoiar ativamente o candidato.

O pessoal que mora na vizinhança está cadastrado para votar? MyBO dá o telefone de cada um dos seus vizinhos e já sugere o que você deve falar com cada um deles. Se eu quero organizar um evento de apoio, MyBO já te dá dicas de quanta gente convidar, como deve ser feito o convite, etc. Você pode fazer o download de um modelo e imprimir em casa.

De acordo com o CEP da sua casa, o site já sabe qual é o problema que mais aflige aquela comunidade. Se é desemprego, dá-lhe material sobre as propostas de Obama para gerar postos de trabalho. Se é poluição, eis as propostas de Obama para combater o aquecimento global.

Meus contatos do Outlook (ou do Gmail, ou do Yahoo, ou do Facebook ou…) são eleitores? MyBO dá uma ferramenta para você baixar automaticamente estes dados e sugere que você mande um e-mail para cada um deles convidando a fazer parte da rede.

No MyBO, o apoiador pode estabelecer metas próprias de arrecadação de fundos. Para bater a meta, o apoiador pode tanto doar seu próprio dinheiro, quanto convencer seus parentes, vizinhos, colegas a doar e isto conta para a meta do apoiador. E MyBO aceita qualquer cartão de crédito, basta ser cidadão americano que você está apto a doar qualquer quantia. 48% dos fundos arrecadados por Obama vieram de doações inferiores a 200 dólares.

Tudo o que apoiador faz é de certa maneira coordenado e gerenciado pela equipe de campanha.

Finalmente, e talvez o item mais importante da estratégia de Obama: torne-se viral na internet. Qualquer ferramenta importante web 2.0 é usada por Obama. No Facebook, no Twitter, no Linkedin, nas redes sociais hispânicas, em qualquer lugar, Obama e seus apoiadores estão. Veja quadro abaixo publicado originalmente na Technology Review com dados comparativos da ação de Obama internet.




E os outros candidatos não estão fazendo algo semelhante? Sim, mas a grande diferença é que Obama colocou a web e as ferramentas 2.0 no centro de sua campanha e não como acessório. A campanha de McCain ainda está num paradigma de campanha antigo, contando com grandes doadores e com estratégias de comunicação mais tradicionais e que foram vencedoras no passado.

E o futuro?

Podemos imaginar um cenário bem interessante tanto com Obama eleito presidente, como ele derrotado por McCain. No primeiro caso, MyBO pode se transformar num embrião de governo 2.0. Na oposição, Obama continuaria forte, se conseguir manter o entusiasmo dos seus milhões de apoiadores.

De qualquer forma, a revolução nas campanhas eleitorais Obama já fez.
Fonte: Blog do Instituto Inovação.

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