27 de setembro de 2011

Oito dicas para ensinar seu filho a administrar o dinheiro desde pequeno

  • Ensinar desde cedo dá trabalho, mas garante que seu filho seja mais responsável no futuro Ensinar desde cedo dá trabalho, mas garante que seu filho seja mais responsável no futuro
Não é fácil controlar o dinheiro. Ao assistir televisão, no cinema, no restaurante ou caminhando pela calçada, sempre há uma propaganda chamando a nossa atenção, nos dizendo que aquele produto é garantia de prazer, felicidade e de uma vida melhor. Isso funciona com os adultos, e com as crianças não é diferente. Só que os pequenos dependem dos pais para comprar o que desejam. E aí é que vem a pergunta: como você lida com dinheiro?
Se você considera esta tarefa complicada, provavelmente não a aprendeu durante a infância. Via de regra, quanto mais cedo a criança aprende, melhor será sua educação financeira quando virar adulta. E o inverso também vale: se a família for descuidada com grana, a tendência é a criança relaxar.  “Um dos hobbies do filho é observar os pais. Se percebe que não há planejamento de gastos na família, ele absorve este comportamento”, diz a especialista em educação financeira Cássia D’Aquino, de São Paulo.
E não adianta querer “enganar” os pequenos e exigir deles uma disciplina que os pais não têm, como explica o especialista em educação financeira infantil Álvaro Modernell, de Brasília. “Muitas vezes, a família é totalmente descontrolada, mas quer que o filho tenha consciência. Todo mundo em casa compra o que quer menos ele, que tem de se privar para aprender o valor do dinheiro. A intenção pode ser boa, mas a criança acaba se sentindo rejeitada.” Confira dicas para evitar este e outros erros da educação financeira hoje e prepare seu pequeno para as responsabilidades do futuro.



Tenha firmeza
Educar financeiramente dá trabalho? Sim, assim como em qualquer outra área. Às vezes, os pais cedem aos desejos do filho – querem que ele tenha o que não tiveram, que não fique triste, pensam que vão traumatizá-lo... Mas não tem jeito. “Se a criança tem tudo o que quer na hora que quer, provavelmente se tornará um adulto com baixa tolerância à frustração, não saberá ouvir ‘não’. Se tornará irresponsável com seus gastos e compromissos e terá muitas dificuldades na vida profissional e nos relacionamentos. Lidar com dinheiro vai além da questão financeira. Engloba os valores da família, os limites e a tolerância”, afirma a psicóloga Adriana Takahashi, de São Paulo.

Fale de notas e moedas
Em compras pequenas, como na padaria ou no jornaleiro, deixe que a criança pague e ensine-a a conferir o troco (mas, primeiro, acostume-se a fazer isso também!). Presenteie seu filho com um cofrinho – o modelo deve ter abertura, para tirar o dinheiro e contá-lo de tempos em tempos. Para a educação financeira ser bem sucedida, é preciso ensinar a cuidar das notas e das moedas. Geralmente, quando você troca as redondinhas por nota de papel, a criança não fica muito satisfeita, pois pensa que ficou com menos dinheiro. “Além de explicar que o valor é o mesmo, é legal dar uma carteira para ela guardar as notas e ensinar que dinheiro não se pode amassar, molhar ou rabiscar”, diz Cássia.

Dê o exemplo
Os filhos se espelham nos pais.  “Se eles gastam tudo o que ganham e ficam em dívida, a criança entende que isso é o normal. Provavelmente, também gastará toda a mesada antes do final do mês”, explica Adriana. Gastar tudo sem pensar no futuro pode até acontecer quando os pais começam a dar a mesada. Mas nada de ficar com pena e dar dinheiro extra, para complementar o mês. O certo é ensiná-lo a esperar, administrar e poupar. “Este exercício de escolha e limite é fundamental na vida adulta. A criança começa a perceber que, se gastar tudo num dia, não vai sobrar nada para depois”, fala Álvaro.

Estipule a mesada ou semanada
Dar mesada ou semanada é fundamental: é uma oportunidade para o pequeno administrar o próprio dinheiro e se desenvolver financeiramente. “A partir dos seis ou sete anos, a criança começa a ter ideia do valor do dinheiro e a fazer pequenos cálculos”, diz Adriana. Por isso, o ideal é começar com a semanada, para ela gastar com sorvete, figurinhas ou outros mimos. A mesada é uma boa opção a partir dos dez anos, idade em que os pequenos começam a ter noção do que é um mês.

Pense na quantidade ideal
O valor ideal da mesada depende do orçamento familiar, do padrão de vida, do número de irmãos e do bom senso. Liste o quanto a criança pode consumir em idas ao cinema ou compras em passeios. Gastos como o lanche da escola não entram na conta: isto é obrigação dos pais. “Além disso, ela pode deixar de comer para comprar outra coisa. Dê o dinheiro do lanche à parte e peça o troco”, ensina Álvaro.
Para auxiliar os pais na quantidade, Cássia recomenda o seguinte cálculo: por semana, dê um real por cada ano de vida de seu filho. Assim, uma criança de oito anos receberia R$ 32 mensais, divididos em quatro parcelas. Avalie por um período se a conta está de acordo. “Se for muito pouco, os pais podem aumentar; se for muito alto, diminuir. Mas, se estiver em dúvida se dá R$ 10 ou R$ 20, opte pelo menor valor a princípio: a escassez funciona mais que a abundância”, acredita o educador.

Respeite a regularidade
Muito além dos números, o que mais importa na hora da mesada ou semanada é a regularidade. “Escolha um dia da semana, troque o dinheiro e entregue à criança sempre na data combinada. A disciplina é fundamental para a educação financeira”, explica Cássia. E isso vale mesmo com pais separados – neste caso, a palavra mágica é: acordo. Os dois devem acertar quanto e quando vão dar o dinheiro. “O ideal é que não passem da quantia combinada. Eles podem dividir o valor e cada um entregar uma parte ao filho, alternar as semanas ou os meses ou mesmo incluir o valor na pensão”, diz Álvaro.

Aproveite viagens e passeios
Está pensando em levar seu filho para a Disney? Mesmo que tenha o dinheiro para a viagem, é bacana que ele participe e ajude a economizar – seja com um mês ou um ano de antecedência. Já na terra do Mickey, a dica é estipular um valor que a criança pode gastar com todas as suas compras. “Ingressos, passeios e alimentação são por conta dos pais. Mas o ideal é colocar um limite para a compra de jogos, brinquedos, bichos de pelúcia e outros itens”, comenta Álvaro.

Recompense as tarefas extras
Muitos pais pagam ao filho para fazer tarefas em casa. A prática está liberada, desde que a grana não seja recompensa de suas obrigações, como arrumar a cama ou organizar o armário. “A criança pode receber um trocado para guardar os brinquedos do irmão que ainda é um bebê ou andar com o cachorro da família (mas só se o pet não for dela). Isso, porém, não é educar financeiramente, e sim empreendedorismo infantil”, explica o educador.

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