30 de janeiro de 2009

A MARCA OBAMA

O fato de Barack Obama ter transformado o que é política em um jogo diferente para uma geração não é mais novidade. A política, afinal de contas, trata de marketing. A promoção da marca Obama é um estudo de caso sobre para onde o mercado norte-americano, e potencialmente o mundial, está se dirigindo. Conheça a estratégia que levou Obama à vitória.

O fato de Barack Obama ter transformado o que é política em um jogo diferente para uma geração não é mais novidade. O que foi pouco examinado, porém, foram os sinais que ele carrega de uma mudança sísmica no horizonte dos negócios.

A política, afinal de contas, trata de marketing. A promoção da marca Obama é um estudo de caso sobre para onde o mercado norte-americano, e potencialmente o mundial, está se dirigindo. "Ele é as três coisas que você quer de uma marca", diz Keith Reinhard, presidente emérito do conselho de administração da agência DDB Worldwide. "Novo, diferente e atraente. É bom assim."

Obama tem sua maior força entre os jovens de 18 a 29 anos, aqueles que os anunciantes cobiçam, a legião conhecida como 'geração Y'. Eles são negros, brancos, amarelos e mulatos. E também compartilham novas mídias, redes sociais on-line, rejeição por argumentos de venda que vêm de cima para baixo.

O novo presidente se construiu nas eleições dos Estados Unidos em cima de um nome engraçado, de uma história de vida incomum, para tornar-se um reflexo daquilo que os Estados Unidos serão: uma sociedade pós-boomers. Ele foi além da identidade política tradicional. Qualquer negócio que busque antever o futuro deverá analisar as implicações de sua ascensão.

COMANDO E CONTROLE

Quando a revista People perguntou a um grupo de presidenciáveis, no ano passado, o que nunca deixariam de levar ao sair de casa, as respostas foram reveladoras. A escolha de Mitt Romney, granola caseira em sua tigela de Dora. Hillary citou seu BlackBerry. E Obama mostrou que estava meio passo adiante: uma webcam, que utiliza para se comunicar com suas filhas e fazer reuniões. Obama adotou a internet habilmente e foi adotado por ela. E ele foi excepcionalmente bom em converter cliques de computador em presença no mundo real: vídeos no YouTube geravam comícios cheios e, o que é mais importante, doações e votos.

Obama se beneficia do poder do controle on-line. Sua arma secreta, um rapaz de 24 anos chamado Chris Hughes. Há quatro anos, ele estava em Harvard, ajudando a lançar o Facebook. Há um ano, Hughes tirou uma folga da rede social para organizar a web para Obama. Formado em história e literatura, Hughes trouxe consigo a maestria sobre o lado humano das redes sociais, o que se traduziu em resultados concretos para a campanha.
BarackObama.com é atualizado permanentemente e oferece vídeos, fotos, ringtones, funcionalidades variadas e eventos para dar aos internautas uma razão para voltar sempre. Em mybarackobama.com, a rede "quase" social da campanha, os "obamaníacos" podem criar seus próprios blogs sobre as plataformas políticas, enviar recomendações práticas diretamente à campanha, criar seu próprio site de levantamento de fundos, organizar um evento e até mesmo usar um dispositivo para obter listas de telefones e fazer campanha e pesquisas a partir de casa.

O que é verdade em política não é menos verdade nos negócios. "Há um consumidor novo e autoritário que extrai poder da web", diz Karen Scholl, diretora de criação da agência de publicidade digital Resource Interactive. "E ele fareja uma falsa mensagem a quilômetros de distância." A agência cunhou o termo "OPEN brand" (marca aberta), um acrônimo para on-demand (sob demanda), personal (pessoal) engaging (envolvente) e networks (redes). Os quatro fenômenos formam um contexto sobre o qual toda empresa tem de pensar se quiser transmitir mensagens de marcas de maneiras realmente novas.

Com Obama, "não só as pessoas sentem que o conhecem, como sentem que suas opiniões são levadas a sério por ele", diz Karen.

LIDERAR ESCUTANDO

Craig Newmark, fundador da Craigslist, considerou-se, por muito tempo, independente politicamente. Um encontro com Obama inspirou-lhe a trabalhar pelo candidato democrata. "Eu o vejo como um líder, mais do que como um chefe". O líder, para Newmark, faz as pessoas agirem por conta própria, pela inspiração.
O que Newmark está descrevendo é mais complicado -e mais moderno- do que
pode parecer. Há muito tempo existem líderes que são chefes e chefes que são líderes.

Mas Obama é o modelo de um novo modo de pensar chamado "liderança adaptativa", que tem sido ensinado na Kennedy School, da Harvard University, entre outras escolas. Essa abordagem, como escreveu Stephen Bouwhuis recentemente no The Australian Journal of Public Administration, é eficaz ao lidar com questões que requerem "uma mudança nas maneiras de pensar de uma comunidade".

Enquanto um líder visionário estabelece um plano específico a ser implementado, um líder adaptativo trabalha com sua equipe para elaborar um plano em conjunto.

O culto ao presidente "imperial" corporativo ainda reina na maior parte das salas de reuniões de conselhos e diretorias, mas ganhar os talentos do futuro - e os consumidores do amanhã - pode requerer uma abordagem bem diferente.

A mensagem de Obama é a de uma marca aberta: sob demanda, pessoal, envolvente e que leva em conta as redes.

http://www.hsm.com.br/editorias/marketing/A_marca_Obama_200109.php?ppag=2

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