por Paulo Antonio de Almeida
O Brasil é perfeitamente eficiente em gerar o que ninguém nunca imaginou, mas sempre de maneira individual e artesanal, e raramente com atenção ao retorno e ao valor agregado à idéia
Apesar do tal “jeitinho” brasileiro, e da marca da criatividade que compõem o imaginário comum quando se tenta explicar o nosso país, ocupamos um sofrível 40º lugar no ranking mundial da inovação. O Brasil está atrás de nações como Chile, Cingapura e Tailândia. Para análise do grau de inovação nacional é preciso grande atenção à inovação das nossas empresas em seus mercados. Essa relação simples indica que um país pouco inovador carece de organizações inovadoras. O problema nosso é esquecer ou não saber que criatividade não é sinônimo de inovação. A primeira pode sugerir idéias originais, mas a segunda vai além. Inovação significa implementar as idéias que otimizam, agregam valor e integram pessoas e empresas com melhoria contínua. A questão é que somos perfeitamente eficientes em gerar o que ninguém nunca imaginou, mas sempre de maneira individual e artesanal, e raramente com atenção ao retorno e ao valor agregado à idéia.
Um caminho para entender e reverter esse quadro é a inteligência. Não a das pessoas, mas a organizacional. A inteligência das empresas podem ser duas: tecnológica e social. Quando falo da inteligência tecnológica, falo do conjunto de recursos, produtos ou dispositivos para atender as
necessidades das pessoas (computadores, softwares, veículos, máquinas, equipamentos, ferramentas, circuitos e instalações). Tecnologia social, por sua vez, são as formas necessárias para a interação e colaboração das pessoas em empreendimentos comuns (os objetivos de negócios das suas empresas e organizações), com ou sem inteligência tecnológica. E é exatamente nesse último “tipo” de inteligência que encontramos habilidade e competência das pessoas, técnicas, métodos e modelos de gestão do conhecimento, de processos e de projetos.
Ninguém aplica artefatos tecnológicos em larga escala sem vistas ao retorno sobre os investimentos e sem inteligência social. Se no século XXI os produtos são commodities e o consumidor exige qualidade no atendimento, garantias efetivas e competente suporte técnico, as empresas necessitam, mais do que nunca, manipular o seu acervo intelectual. A sobrevivência delas depende da gestão do conhecimento.
Observe e constate que é cada vez mais comum o deslocamento do eixo de produção de setores industriais tradicionais para setores intensivos em conhecimento. O valor das empresas move-se dos seus ativos tangíveis para os intangíveis. Processos e know how tecnológico e gerencial viraram fatores críticos de sucesso.
Virou moda mencionar o capital intelectual das organizações. Não é por acaso. Os ativos intangíveis valorizam e fornecem credibilidade, determinam a capacidade de inovação e aprendizagem organizacional. Capital intelectual é ponto de partida para a capacidade de inovação. Imagine a base da pirâmide organizacional com as funções operacionais (de natureza estruturada, repetitiva e com baixo valor agregado ao negócio), cada vez mais terceirizadas para prover crescimento ao preservar o core business. Onde estará o valor agregado? Exatamente nas atividades no meio e topo da pirâmide, nas camadas gerencial e estratégica da organização. Trata-se da inteligência do negócio, do conhecimento identificado, registrado e mantido a partir de técnicas e ferramentas de modelagem e gestão de processos de negócio.
Processos de negócio são peças fundamentais para o sucesso de qualquer empreendimento. Se não são estruturados, organizados e documentados, os colaboradores não identificam o que fazer, com quem interagir, qual o grau de autonomia da sua função e como tratar as exceções durante a operação diária.
Ou seja, colaboradores não colaboram. Apenas com a gestão dos processos de negócio se alcança introdução segura de regras, tempos, rotas e papéis funcionais no ambiente organizacional.
Essa realidade não é de hoje. A crescente terceirização dos processos de baixo valor agregado, além da necessidade de diferenciação e competitividade das empresas, forçaram o surgimento de um novo conceito de processos de negócio – o KPO (Knowledge Process Outsourcing). Trata-se do processo de criação, estruturação, armazenagem, síntese, proteção e monetização de conhecimento. Ultrapassando a simples execução de processos padronizados, há a condução de processos complexos que exigem competência técnicas e analíticas, além de julgamento decisório. Para crescer de acordo com as exigências da moderna pirâmide organizacional, a busca empresarial por centros de inteligência e soluções de negócios para atuar à frente da concorrência significa excelência e sintonia completa com o novo conceito de terceirização da gestão de processos. A gestão que hoje está de braços dados com a gestão do conhecimento. Como se disse, inovar é implementar as idéias que otimizam, agregam valor e integram pessoas e empresas. Não é dar “jeitinho”.
Paulo Antonio de Almeida é PMP e presidente da KPO Consulting and Educational Services.
Concordo plenamente com suas ideias! Quero também deixar registrado aqui o nome da empresa Calandra Soluções. Seus conceitos de gestão do cnohecimento prometem revolucinar a maneira como as organizações lidam com as informações. Fica o link a quem interessar
ResponderExcluirhttp://www.calandra.com.br/